sábado, 26 de janeiro de 2013

Metafórico, questionador, apaixonante e maduro: A Idade Dos Milagres é um grande "E se..."

Julia é uma garota de onze anos que vive na Califórnia. Possui uma vida extremamente comum, vivendo no subúrbio, com uma família classe média alta. Porém, a Terra, aos poucos sai do eixo de rotação normal, o que deixa o tempo mais longo, altera a gravidade, muda o campo magnético, prejudica a agricultura, as plantas, os animais, as árvores e, indiretamente, afeta as decisões das pessoas, especialmente de Julia, que está passando da infância para a adolescência. 

Karen Thompson Walker escreve muito bem, conectando os pontos e deixando os leitores envolvidos. Difícil acreditar que seja obra de uma autora novata, afinal, trata-se do primeiro romance da escritora.

Embora não chegue a ser uma distopia, "A Idade Dos Milagres" trás aflição e ansiedade a cada página. Walker mexeu com um dos medos mais primários das pessoas: o de que o mundo, de alguma forma, acabe. 

Confesso que, em diversas passagens do livro, me senti agradecida pela rotação real (ainda) ser normal, agradecendo por um por do sol na hora esperada, por um nascer do sol com realmente um sol.

O livro é narrado com Júlia já na idade de 23 anos, portanto, ela narra os fatos com toques de quem sabe o que aconteceu, o que deixa o leitor ainda mais na expectativa. 

O mais impressionante de "A Idade Dos Milagres" é que tudo ali parece cruelmente real. Não duvido que, se essa tragédia ocorresse na realidade, o governo e as pessoas agiriam exatamente como na ficção.
Júlia, apesar da pouca idade, narra com uma maturidade expressiva, o que imprime ainda mais a mensagem do livro. 

2012 foi e passou sem nenhum fim dos tempos, porém, "A Idade Dos Milagres" é uma espécie de "E se...", um universo paralelo ao nosso, onde o mundo realmente está desabando. Cruel, chocante, bonito e bem escrito, um retrato de mundo atual.

Cinco estrelas!

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