terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Inteligente, despretensioso e magnetizante: "Quem É Você, Alasca?" acerta nos detalhes, ficando na memória

Faço parte das pessoas que acreditam que nenhuma leitura é inútil, todas ensinam algo. Percebi isso recentemente, quando vi que, cada vez que eu mudava de página pela última vez, era uma pessoa diferente de quando tinha começado a ler a história. Só que algumas histórias te mudam mais. Algumas histórias te mudam e confirmam, ao mesmo tempo, aquilo que você já sabia, e estava escondido dentro de você. Algumas leituras te mudam para sempre, e algumas leituras te afetam. Existem essas leituras, e existe "Quem é você, Alasca?".

O livro, na verdade, não é sobre Miles, Alasca, ou qualquer outra coisa que pareça, em suas primeiras páginas. O livro é pessoal, definidor de caráter, auto descobrimento envolto em uma história apaixonante. No final, não descobrimos quem é Alasca, ou quem é Miles. Descobrimos quem somos nós, ou, ao menos, o livro ajuda a levar o leitor à jornada certa.

Miles é um adolescente melancólico, inteligente e profundamente deslocado. Não podemos, nunca, chamá-lo de solitário, pois, quem tem a si mesmo e a própria curiosidade, nunca está sozinho. Mas ele sente necessidade de viver. E vai atrás de uma vida, se matriculando em um colégio interno onde conhece Alasca, Coronel, Lara, Takumi. E, de alguma forma, Miles-ou gordo, apelido que Coronel o atribui (muito fofo esse apelido, diga-se de passagem)- acaba encontrando o Grande Talvez escondido nessas pessoas que se encanta.

Já havia lido um livro de John Green antes, é claro, "A Culpa É Das Estrelas" é o meu segundo livro preferido (O Morro Dos Ventos Uivantes permanece no topo). Mas, céus, o que há com esse autor, que ele consegue escrever o que todos pensam, sentem, fazem, de forma nunca vista antes? O que há com ele que nos faz perguntar se estamos realmente lendo aquilo? John Green é surreal.

Me identifiquei mortalmente com o Gordo (Miles). Como ele, também era deslocada, conformada. Até que, sem saber que era isso que estava indo atrás, fui procurar o Grande Talvez. E acabei descobrindo, em mim mesma. Miles precisa de ajudinhas para isso, mas, afinal, percebe o mesmo.

Deixando as metáforas e filosofias de lado, me apaixonei pelos personagens coadjuvantes. Afinal, gostei mais deles do que de Alasca. Achei o Coronel encantador, sempre achava muito fofo quando ele chamava o Miles de Gordo. Apesar de esse apelido ter sido dado pelo próprio como ironia à magreza do protagonista, em português, fica ainda mais meigo, como um apelido carinhoso. Até os Guerreiros de dia de semana conquistaram minha simpatia.

Em "Quem É Você, Alasca?" vemos um John Green mais despretensioso do que em A Culpa Das Estrelas. Embora o livro de Hazel e Gus traga mais metáforas, profundidade e maturidade, "Quem É Você, Alasca?" é natural. Me lembrou filmes de amizade, como "Stand By Me", porque, afinal, é isso que o livro trata.

Acho que daria um ótimo e melancólico filme, porém, nenhum diretor conseguiria retratar a beleza e magnetismo das palavras de John Green. Puro, verdadeiro, belo e real: "Quem É Você, Alasca?" foi o primeiro livro do autor, na minha opinião, o melhor autor contemporâneo. 

Poderia escrever sempre uma resenha sobre esse livro, mas nada se compara ao que existe dentro daquelas páginas. Leiam o livro, e entendam.

5 estrelas!


2 comentários:

  1. Sou dooooooooida pra ler esse livro e agora fiquei mais doida ainda! Que bela resenha menina! hahaha. Adorei o blog, sério mesmo. Parabéns!

    Beijos,
    Renata.

    http://viciadas-em-livros.blogspot.com.br/

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  2. Obrigada!
    Leia sim, qualquer coisa do John Green é maravilhosa.
    Afinal, dele, eu leria até a lista de supermercado.

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